Perdão

Use como Ferramenta Terapêutica: Uma Análise Psicanalítica

“O perdão liberta o ofendido, não o ofensor.”
Sigmund Freud (em interpretação livre)

No consultório, uma pergunta frequente é: “Preciso perdoar para superar minha dor?” A resposta freudiana não é simples. Para a psicanálise, o perdão não é uma obrigação moral, mas um processo íntimo de elaboração — e nem sempre ele se parece com o que a sociedade prega.

Neste artigo, você descobrirá:
✔️ Como a psicanálise enxerga o perdão (e por que ele não é um “dever”)
✔️ Os riscos do falso perdão (quando vira repressão)
✔️ Técnicas psicanalíticas para elaborar mágoas sem pressão para perdoar


O Que Freud Diria Sobre “Perdoar”?

Para a psicanálise clássica:

  1. Perdão ≠ Esquecimento
  • Freud mostrou que reprimir mágoas (fingir que “superou”) só as empurra para o inconsciente, onde viram sintomas (ansiedade, depressão, somatizações).
  1. O Perdão Autêntico Exige Elaboração
  • Só se perdoa depois de:
    • Reconhecer plenamente a raiva.
    • Entender como a ferida afetou sua vida.
    • Decidir não mais permitir que o ofensor controle sua energia psíquica.
  1. Alguns Atores Não Merecem Seu Perdão
  • Em casos de abuso ou violência, Freud enfatizaria: priorize sua sobrevivência psíquica, não a reconciliação.

Os 3 Estágios do Perdão na Perspectiva Psicanalítica

1. Fase da Revolta (Necessária!)

  • Objetivo: Permitir-se sentir raiva sem culpa.
  • Técnica freudiana: Associação livre sobre o evento traumático (“O que mais me dói nisso?”).

2. Fase do Luto

  • Objetivo: Chorar as perdas (ex.: a imagem que tinha do ofensor, a inocência roubada).
  • Técnica: Interpretação de sonhos para identificar lutos não resolvidos.

3. Fase da Decisão Consciente

  • Objetivo: Escolher se afastar ou se reconfigurar a relação — sem romantizar o processo.
  • Técnica: Análise da resistência (“Por que ainda me culpo por não perdoar?”).

Quando o “Perdão” é um Mecanismo de Defesa?

Cuidado se:

  • Você se força a perdoar por medo de conflito.
  • Diz “Já superei”, mas evita pensar no assunto.
  • Justifica o ofensor: “Ele não sabia o que fazia” (enquanto sua saúde emocional piora).

Isso não é perdão — é repressão, e a psicanálise a vê como fonte de neuroses.


Exercício Psicanalítico para Elaborar Mágoas

A Carta que Nunca Será Enviada

  1. Escreva sem filtros ao ofensor (use palavrões se necessário).
  2. Releia e sublinhe frases que repetem padrões (ex.: “Por que sempre me machucam assim?”).
  3. Queime ou rasgue a carta num ritual simbólico de desapego.

Freud aprovaria: externalizar o conflito é o primeiro passo para dominá-lo.


# Vem Trabalhar Isso no Divã

Se você:
🔹 Se culpa por não conseguir “perdoar como deveria”
🔹 Repete relacionamentos abusivos (sinal de mágoa não elaborada)
🔹 Sente que a raiva consome sua energia vital

Agende uma sessão. Na análise, podemos:

  • Mapear como essa mágoa se liga a traumas antigos
  • Trabalhar sua raiva sem julgamento
  • Decidir, juntos, se o perdão fará sentido para você

Lembre-se: perdoar é uma escolha, não uma virtude obrigatória.


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💡 O verdadeiro perdão não é um ato de bondade ao outro — é um pacto de paz consigo mesmo. E às vezes, a paz começa com um grito de rava liberado no divã.

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Psi Eduardo Felicio

Psicanalista desde 2006